segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quem morre?

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.

Parte II

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

PABLO NERUDA

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Resumo

1ª. Parte: Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem

A educação de jovens e adultos é mais do que uma questão etária é antes de tudo, uma questão cultural, visto que não se trata de qualquer jovem ou adulto. O adulto e o jovem da EJA possuem especificidades quanto ao seu funcionamento psíquico e quanto ao meio cultural no qual está inserido, que muitas vezes não é lavado em conta na organização dos currículos, programas e métodos. O que acaba colocando-os em situações bastante inadequadas para o desenvolvimento de processos de real aprendizagem, evidenciando a distância entre os alunos e a escola.
A escola funciona com regras e com linguagem que não faz parte do contexto em que o sujeito está inserido. Além disso, ainda existem os aspectos afetivos; onde os alunos se sentem desconfortáveis na escola e têm vergonha de estudar depois de adultos. É preciso então que haja a preocupação com suas especificidades culturais e com o seu funcionamento psíquico, a sua capacidade para aprender e os seus modos de construção desse conhecimento.

2ª. Parte: Desenvolvimento cognitivo das pessoas jovens, adultas e idosas: há ou não diferenças no funcionamento psicológico e cognitivo dos sujeitos pertencentes à diferentes grupos culturais?

Há três respostas ou linhas de pensamentos que discutem acerca dessa questão. A primeira afirma que existe uma diferença nos membros de diferentes grupos culturais e que sua peculiaridade quanto ao seu modo de funcionamento intelectual é atribuído ao meio em que o jovem ou adulto pertence, essa abordagem determinista e estática afirma que são os fatores culturais que permitem ou não que eles sejam capazes de aprender. A segunda abordagem nega que essas diferenças do funcionamento psíquico interfiram na aprendizagem, pois todo o ser humano possui a capacidade de aprender independente do grupo cultural que esteja inserido, por isso devem ser respeitados restando pouco espaço para intervenção educativa. E por fim a terceira abordagem que reafirma a importância dessas diferenças valoriza a sua cultura e tudo aquilo que já foi adquirido com as experiências, postulando que o psiquismo é construído ao longo da vida e que é alimentado pelos artefatos concretos e simbólicos, pelas formas de significação, pelas visões de mundo fornecidas pelo grupo cultural em que vive.
Por tudo isso, pudemos concluir que membros de diferentes grupos culturais operam cognitivamente em respostas às exigências do seu contexto, respondendo de forma diferente a diferentes exercícios. No entanto, mesmo no interior de um mesmo grupo cultural há diferenças individuais nas capacidades que distinguem diferentes pessoas em seu modo de responder às demandas do dia-a-dia. Não podemos postular formas homogêneas de funcionamento psíquico, esse se constitui num movimento de constante transformação e de construção de singularidades. A escola voltada para jovens e adultos é ao mesmo tempo um local de conforto de culturas e encontro de singularidades.
Texto

AULA 3 - HISTÓRICO DA EJA