sábado, 29 de agosto de 2009

Síntese 1: Trajetória histórica da EJA



Relatores da Síntese: Érica, Evânia, Fernanda, Gabriela, Geisa, Jucivânia, Leila e Lenormam.

A temática abordada neste encontro enfocou a trajetória histórica da educação de pessoas jovens, adultas e idosas no Brasil. Para tanto, foi discutido em grupo o artigo “Notas sobre a redefinição da identidade e das políticas públicas de educação de jovens e adultos no Brasil”, de Maria Clara Di Pierro.

Durante as discussões do artigo podemos perceber a importância de conhecer a trajetória histórica da EJA para compreender melhor de que forma ela está sendo vista, como um direito de cidadania.

Na década de 20, as reformas tratam a educação de adultos ao mesmo tempo em que cuidam da renovação dos sistemas de um modo geral. Apenas em 1928 com a reforma do Distrito Federal ela recebe mais evidência.

As mudanças políticas e econômicas, a partir da Revolução de 30, possibilitaram a consolidação de um sistema político de educação elementar no Brasil. A ampliação da escolarização para adolescentes e adultos foi provocada pelo processo de urbanização e industrialização.

O período áureo para a educação de adultos foi a década de 40. Nesta aconteceram inúmeras iniciativas políticas e pedagógicas de importância, tais como: a regulamentação do Fundo Nacional de Ensino Primário (FNEP); a criação do INEP, incentivando e realizando estudos na área; o surgimento das primeiras obras, especificamente dedicadas ao ensino supletivo; lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), através da qual houve uma preocupação com a elaboração de material de didático para adultos e as realizações de dois eventos fundamentais para a área: 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos realizado em 1947 e o Seminário Interamericano de Educação de Adultos de 1949.

Com a fase de desenvolvimento que se instalava nos países, no final da década de 40 e início dos anos 50, tornou-se necessário a promoção de uma educação popular, visando formar mão-de-obra imprescindível para atender ao crescimento das indústrias. Essa necessidade de promover a educação e qualificação foi justificada por várias teorias ligadas à política e a ampliação das bases eleitorais do país.

Vale ressaltar que desde o final da década de 50 até meados de 60 destacou-se a educação de adultos e da alfabetização. O II Congresso Nacional de Educação de Adultos tornou-se um marco histórico para a área. Paulo Freire, mesmo não tendo ainda um envolvimento maior com o analfabetismo entre adultos, defendia e propunha uma educação de adultos que estimulasse à colaboração, a decisão, a participação e a responsabilidade social e política. Tais propostas foram disseminadas quando se aprovou o Plano Nacional de Alfabetização, em janeiro de 1964.

No período que segue, mudanças políticas e econômicas interferem nesse processo educacional e com adentrar do período militar a Educação de Adultos é concebida através de outras iniciativas governamentais.

Após a implantação do regime militar pouco se alfabetizou. Isso se atribui a uma estagnação política e pedagógica vazia e superficial, difundida pelo MOBRAL. Entretanto com o instalar da Democracia na década de 80, definiu-se uma nova concepção de educação de jovens e Adultos a partir da Constituição Federal de 1988, a qual garantiu importantes avanços no campo da EJA. No artigo 208, a Educação passa a ser direito de todos, independente de idade.

Apesar do artigo que definiu na constituição a educação como “direto de todos”, chegamos à década de 90 com políticas públicas educacionais pouco favoráveis a este setor, porque os programas que foram ofertados após 1988 estiveram longe de atender a demanda populacional.

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, promulgou-se a primeira referência sobre a EJA no Título V, artigos 37º e 38º, trazendo um significativo ganho à educação de adultos, institucionalizando esta modalidade de ensino.

Em 1997, a V Conferência Internacional de Educação de Adultos realizada em Hamburgo proclamou o direito de todos à educação continuada ao longo da vida. Nesse sentido, passa a ser não só um fator de desenvolvimento pessoal e um direito de cidadania, mas também uma condição de participação dos indivíduos na construção de sociedades mais justas.

Em suma, a trajetória histórica da educação de pessoas jovens, adultas e idosas em nosso país sempre sofreu interferências do contexto histórico-sócio-político de cada época e na atualidade, a ênfase nessa educação de grande relevância, mas será realmente de grande contribuição para nossa sociedade se o trabalho docente também estiver qualificado para essa modalidade de ensino, oferecendo assim uma educação de qualidade com ideais reflexivos e transformadores.

14 comentários:

  1. Parabéns aos alunos que fizeram a síntese da aula da professora Cassia. É isso aí... produzir e produzir.

    Beijos,

    Socorro Cabral

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  2. Mesmo diante de tantas mudanças na trajetória da EJA, ainda assim é preciso repensarmos sobre sua verdadeira função: educar para compreender o mundo. É preciso fazer uma reforma em nosso sistema educacional, para que não seja necessário que as crianças de hoje sejam os alunos da EJA de amanhã. A EJA deve deixar de ser somente um "programa assitencialista". Esta mudança deve começar com cada um de nós educadores

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  3. Enterdermos que a EJA é uma modalidade de ensino que precisa ser muito discutida no nosso cenário político educacional é de fundamental importância, pois todas as pessoas que não tiveram acesso a educação na infância tenha oportunidade de ser alfabetizado. É preciso que todos nós futuros educadores e os nossos governantes tenhamos consciência da importância do investimento e manutenção da Educação de Pessoas Jovens e Adultas.


    Thiana do Eirado

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  4. Vou aproveitar os comentários para fazer uma provocação a todos e todas. 1) Ao nomearmos a EJA como modalidade de educação e não modalidade de ensino, quais são os sentidos, os significados que se encontram implicados? 2)Quem são os sujeitos da EJA? 3) Quais são as experiências desses sujeitos em relação a escola?

    Vamos participar das discussões!

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  5. O sentido da EJA está justamente em se entender que como uma modalidade de ensino ela precisa ser observada em seus valores mais particulares, como uma educação que abarca o indivíduo vendo-o dentro de seu contexto social. Os sujeitos da EJA são todos aqueles que não conseguiram pela lida da vida prosseguir os seus estudos no tempo correto, mas que procuram na escola um lugar que possa lhe trazer segurança mediante as novas propostas da vida social.

    Larissa Monique

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  6. Penso que a Eja configura-se não como um nível de ensino, mas como uma modalidade de educação no sentido dela ter um perfil próprio, ou seja, um modo de existir com característica própria.
    Os sujeitos da EJA, como a colega Larissa citou acima, são pessoas que não tiveram oportunidade de ingressar e/ou continuar na escola no período "regular".
    Essa falta de oportunidade, segundo o viés sociológico, acontece devido as injustiças sociais, e por esta razão, estes sujeitos são estigmatizados como alguém que não aprenderá, por não ter aprendido na primeira infância.
    Sendo assim, a escola precisa valorizar a identidade, as experiências e vivências de cada um, bem como possibilitar a participação consciente na vida em sociedade.

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  7. Gente, como essa disciplina é enriquecedora!
    Nos faz de fato repensar a educaçao de jovens e adultos no nosso país!Devo confessar que logo nas primeiras discussões minha concepçao já mudou muitoO. Educadores nessa área devem estar muito capacitados para contribuírem de forma relevante para o crescimento intelectual do indivíduo, realizando o exercício de cidadania.

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  8. É colocada em questão a análise do papel da formação continuada de educadores, que busca alternativas para os problemas da prática pedagógica para modalidade de educaçãção do EJA.
    De acordo com o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor na área e especialista em Educação, O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida. O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social.
    No que diz respeito aos educadores desse público, é que estes são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.
    Afinal, o que se deseja é que as pessoas aprendam a aprender.

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  9. Pessoal este site é muito interessante para nós estudantes do EJA.
    http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/modalidades/eja-tem-agora-objetivos-maiores-alfabetizacao-476424.shtml

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  10. Boa tarde a todos,
    Gostaria de potencializar a importância dessa disciplina para nos futuros docentes, pois através dela podemos conhecer mais o Eja e compreender um pouco da sua complexidade.
    Educação de jovens e adultos é destinada a todas as pessoas que por diferentes razões não tiveram oportunidade de acesso ou continuidade dos estudos no ensino fundamental e médio. Geralmente, os fatores sociais e econômicos excluem essas pessoas de cursarem a escola durante a infância e adolescência.


    Mariana Nascimento.

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  11. Bojm dia a todos!!!!!!!!!!
    Sem duvida o ensino da EJA, é uma proposta excelente e bastante interessante, é uma nova forma de conhecimento, onde pode-se aprender muito como professor, sendo um ambiente que possibilita uma aprendizagem bilateral.Essa disciplina é um recuso de sua importancia e qualidade para os futuros professores, que vem uma interessantíssima forma de ministrar aulas e de debates relevantes para esse ensino hoje do nosso país!!!!!!!!!!!!!!

    Krishna Andrade

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  12. Segundo Ribeiro e colaboradores (1997), dentre os motivos que levam os jovens e adultos à escola predomina às suas expectativas de conseguir um emprego melhor. Entretanto as motivações não se limitam apenas a este aspecto. Muitos fazem referência também à vontade mais ampla de “entender melhor as coisas”, “se expressar melhor”, e “não depender sempre do outro”. Tendo como referencial os adultos, é provável quando se integram a programas de educação básica já possuam uma idéia do que seja a escola, que muitas vezes acaba sendo construída nas poucas vezes em que freqüentaram a escola quando crianças. Neste caso, o papel do educador é ampliar seus interesses.
    Se considerados os adolescentes e os jovens, a situação tende a diferenciar. Principalmente nos centros urbanos, essas pessoas retornam à escola após um período de sucessivos fracassos dentro deste espaço. Aqui, os indivíduos têm uma relação mais conflituosa com as rotinas da escola sendo necessário, portanto, a reconstrução de um vínculo positivo com a escola e para isso, é essencial que esta disponha de um projeto pedagógico que superem as expectativas, gostos e modos de ser característico dos jovens. O educador deve auxiliar os educandos a reconstruir sua imagem da escola, das aprendizagem escolares e de si próprios.

    Nestas perspectivas, é possível pensar a educação de jovens e adultos como promovedora de uma aprendizagem significativa.

    Eis o desafio.....

    Marta Silva

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  13. "O adulto, para a EJA, não é o estudante universitário, o profissional qualificado que freqüenta cursos de formação continuada ou de especialização, ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus conhecimentos em áreas como artes, línguas estrangeiras ou música, por exemplo... E o jovem, relativamente recentemente incorporado ao território da antiga educação de adultos, não é aquele com uma história de escolaridade regular, o vestibulando ou o aluno de cursos extra-curriculares em busca de enriquecimento pessoal. Não é também o adolescente no sentido naturalizado de pertinência a uma etapa bio-psicológica da vida." (Oliveira, 1999, p.1.)
    São homens e mulheres, trabalhadores(as), empregados(as) e desempregados(as) ou em busca do primeiro emprego e/ou da realização de um sonho, o sonho de aprender a ler e escrever; filhos, pais e mães; moradores urbanos de periferias, favelas e vilas. São sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura.

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AULA 3 - HISTÓRICO DA EJA